sábado, 2 de abril de 2011

Um dia frio de Inverno... pt3

Acordo com os raios de sol a baterem me na cara, dormi demasiado, são 11:48 e já sobrevivi um dia sem ti, ligo o DVD a ver o que está lá dentro, está lá o nosso filme, aquele que nos sentamos frente a frente a fazer perguntas ao calhas um ao outro, “diz o teu nome completo, idade, data de nascimento e o que gostas mais de fazer”…”Rúben Miguel Fernandes Gomes, tenho 23 anos, nasci em 1988 no dia 23 de Janeiro, e gosto de passar serões contigo depois dos treinos de futebol” agora que penso bem tu não precisavas de ouvir aquilo tudo, eram coisas que já sabias, quem sabe precisavas de as ouvir para sentires segurança, sentires conforto, até que oiço a minha pergunta “amas-me?”, e tu ficas perplexa como se um milhão de pensamentos te percorressem a mente naqueles 2 segundos que demoraste a responder, “Claro que sim, não quero que te afastes de mim” Desliguei o Leitor de DVD, não consigo olhar mais para aquele vídeo enquanto não estiveres comigo outra vez, já é 12:00 daqui a duas horas tenho de ir treinar, não me apetece, estou demasiado em baixo para isso, mas talvez seja uma boa maneira de me abstrair, e concentrar a minha raiva, frustração, e a minha depressão noutra coisa, até que o telefone toca, e eu não acredito nos meus olhos, és tu que estás a telefonar! Eu atendo mas quando te oiço, de uma certa maneira não fico surpreendido, apenas te esqueces-te de alguns documentos. 14:00, chego ao campo de treinos, o treinador de imediato começa a dar ordens, a dizer onde devemos treinar e o que devemos fazer, começo a correr a volta do campo, mal oiço o que o treinador diz, a voz dele começou a ficar desfocada, como se eu tapasse os ouvidos, excepto que as minhas mãos não estavam a tapar nada, de repente começo a ver mal, e a ouvir mal, caio no chão, e vejo todos os meus colegas de equipa a correrem para mim em pânico, vejo o treinador a chamar o médico, foi a ultima coisa que vi, dou por mim sentado a beira da cama, não vejo nada lá fora, apenas um nevoeiro intenso, só vejo branco no lugar onde deveria estar a rua, os carros a passar, e as pessoas, não vejo mais do que uma neblina branca que consome tudo, pouco a pouco, olho em meu redor, mal consigo distinguir os diferente objectos dentro do quarto, apenas consigo ver a parede a minha frente com fotos nossas, daquela vez que fomos ao jardim zoológico, mal olho para a foto, a foto começa a mexer-se, todas as nossas fotos estão a mexer-se, viro-me para a porta, preciso de sair daqui, até que nos vejo os dois a entrar no quarto, tu com jeans justos e um top azul claro, e eu de calções e t-shirt, não consigo olhar, não consigo aguentar, e demasiado, e demasiada dor, até que o quarto começa a desmoronar-se a minha volta, tudo começa a ficar desfocado e tudo começa a desfazer-se em pó, nós os dois na cama deitados aos beijos, os teus pés, começam a desfazer-se, passado alguns segundos tu desfazes-te, e o eu em cima da cama fica a olhar para mim mesmo, de repente tudo fica negro, acordo na cama da enfermaria, com a equipa toda a minha volta, e todos a chamar o meu nome, a dizer “acorda pá” e “que se passou meu?”, e eu fico lã deitado a olha-los nos olhos, sem conseguir responder, até que enfim o fisioterapeuta tira a equipa toda de lã para fora, e vem falar comigo “meu rapaz, tens-te alimentado correctamente?”, houve uma pausa constrangedora, uma silêncio tão profundo, que parecia que falava, até que respondi baixinho, “não..” o fisioterapeuta ficou irritado comigo, irritado no sentido de preocupação, ele disse-me que tenho de me alimentar correctamente, e de imediato mandou buscar alguma comida, o fisioterapeuta veio falar comigo depois de deu comer, ele disse que eu desmaiei, devido a má alimentação ou a estado emocional alterado, ou talvez devido algum problema mental, portanto ele decidiu marcar exames, para verificar o estado de saúde que me encontro. São 17:51, já cheguei a casa, estava prestes a chamar-te e dizer “querida cheguei!”, até que me apercebi que não estava ninguém em casa, é a força do habito acho eu, hábitos esses a que tu me habituaste, que se fundiram comigo, desde o momento em que tu entraste na minha vida, a casa ainda continua escura, apesar de estar um dia de sol la fora, e apesar das janelas estarem com as cortinas abertas, oiço um carro a chegar, e durante os dois segundos que demoro a virar-me para a porta, desejo que sejas tu, mas ao mesmo tempo não quero por nada que sejas tu, porque te ver sair outra vez pela mesma porta que saíste da última vez é a ultima coisa que quero.. mas oiço bateres a porta, sei que és tu, mas não consigo me mexer, até que tu abres a porta, e entras como se nada fosse, como se ainda estivesses comigo, e naquele segundo em que demoras a entrar e não dizes nada, durante esse segundo todas as memórias más desapareceram, toda a dor, todo o sofrimento desapareceu, até que disseste, “não te preocupes, não vou demorar, só vou buscar uns documentos que me esqueci”, foi como um balde de água fria, foi como quando estamos quase a adormecer e de repente acordamos com o mínimo ruído, enquanto to sobes as escadas, eu vou a varanda olhar para o céu, para não ter de te ver a ir embora outra vez, até que tu vens ter comigo, e ficas a olhar para mim, como se quisesses dizer algo, vejo uma lágrima quase a cair dos teus olhos, quero limpá-la mas não consigo mexer-me, a minha mente está a funcionar a velocidade da luz, até que oiço, “desculpa”.. de repente tudo na minha mente desaparece ficando apenas esperança e receio, mas tu continuas a olhar para mim a espera de alguma coisa, e eu congelado, aqui a tua frente sem saber o que, até que começa a ficar frio, tu abraças-me e vais te embora, e o frio aumenta cada vez mais, o vento sopra cada vez mais forte, eu fecho as janelas, e as cortinas, e sento-me na sala, com a lareira acesa, no sofá, a olhar para uma foto nossa, já passaram 3 horas desde que te foste embora, outra vez, vou a cozinha preparar uma sanduíche, e um copo com água, para beber, mas até entrar na cozinha magoa. Quando entro, vejo-te encostada no balcão, a olhar para mim, até que me puxas para ti, e eu beijo-te apaixonadamente, enquanto o jantar queima, até ficamos a olhar um para o outro, e apercebo-me que estou a ver fantasmas, os nossos fantasmas de novo, saio da cozinha com uma sanduíche e um copo com água, mas a medida que olho para o copo, mais vejo o teu reflexo na água, bebo-o de uma só vez, e como a sanduíche o mais depressa que posso, para não me lembrar das brincadeiras que fazias com a farinha, quando a atiravas a minha cara e fugias a rir, até que eu te apanhava e punha-te uma pitada de açúcar nos nariz e depois beijava-te, vou ver o que está a dar na TV pode ser que consiga me distrair disto.. Acordo, olho para o relógio, passaram 4 horas, é cerca de uma da manhã e adormeci no sofá outra vez, mas prefiro adormecer no sofá visto que, a cama está demasiado fria e escura desde que te foste embora, até as flores parecem mais mortas, o céu parece mais morto, a casa parece cada vez mais escura, a luz da lareira era mais forte quando estavas aqui comigo.. Eu vou dormir aqui mesmo no sofá, ao menos tenho a lareira a aquecer-me, fecho os olhos, mas so te vejo a ti, não sei o que fazer mais, para parar esta loucura!

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