sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um dia frio de inverno...pt2

esta demasiado calor para um dia de inverno (…) No entanto reparo que as tuas malas estão prontas, como se fosses de viagem, mas ignoro, pensando que estás a fazer limpeza ou algo assim, levanto-me visto-me como faço todos os dias de manha, mas ao descer para a sala de estar reparo que tu estás a tirar tudo o que é teu, estás a tentar tirar todas as memórias enquanto me ignoras, todos os momentos que passamos, enquanto passas por mim, ignorando-me enquanto uma lágrima desce pelo teu rosto, enquanto te vejo sair da minha vida, sair do meu coração, estou congelado, como se estivessem a agarrar-me e obrigar-me ver tudo isto, ver a destruição dos meus mais profundos sentimentos, passados 10 minutos acabas de arrumar as tuas malas, enquanto eu estou aqui congelado, em calções e t-shirt, a olhar para ti enquanto tu olhas-me nos olhos a espera duma palavra, dum abraço, dum beijo quem sabe? Mas estou completamente paralisado, não tenho reacção para o facto de quem tem o meu coração nas mãos o querer partir, talvez por isso não me consiga mexer, talvez por apenas saber que nunca voltarás a olhar para mim da mesma maneira que antes…

O taxista ajuda-te com as malas logo depois de chegares ao pé do táxi, eu simplesmente corro para o quarto, e sento-me na cama com a cabeça em cima dos braços, e vejo-te partir no táxi, até que desapareças de vista, entretanto começa a chover, tenho a estranha sensação de Dejá vu, como se já tivesse passado por tudo isto, o quarto ficou mais escuro desde que te foste embora, cada minuto parece uma eternidade, o lado da cama onde dormias está feito, a cama está fria, de repente o alarme do telemóvel toca, são 10:20 em ponto, chove lá fora, o quarto está escuro, e no meu telemóvel toca a nossa música, ‘You’ da nossa banda preferida, ‘Switchfoot’, curiosamente, só me apetece acordar, mas esqueci-me do pequeno facto de que já estou acordado, em cerca de 10 minutos vêem-me ao pensamento as memórias de 3 anos 2 meses e oito dias, não consigo lidar mais com isto neste quarto escuro, sozinho, sem ti…

São 10:26, vou tomar café talvez esqueça isto tudo, visto-me, pela primeira vez estou-me a vestir, sem ti atrás de mim, a brincar, a fazer cócegas, a ajeitar o meu casaco..

Ainda me lembro da maneira como me despenteavas, e da maneira como me encharcavas com perfume e fugias a rir, mas isso são memórias, agora tenho de abstrair-me….

São 10:38, estou a chegar ao café, vou matar o meu vicio, sim.. sou viciado em cafeína, embora já tenha bebido mais, ainda amo café, mas há algo diferente no café hoje, para além de estar sentado sozinho, o café parece mais vazio, e mais escuro, e as pessoas parecem mais solitárias, até que chega a minha melhor amiga, já não a via há semanas, o que será que mudou nela?.. ela parece diferente mas não sei o que está diferente… entretanto ela começa a falar comigo, eu falo-lhe sobre ti, ela muda logo de expressão e diz que se eu precisar ela faz o que puder para me ajudar, isso põe-me mais deprimido, e eu nesse mesmo instante começo, outra vez a pensar em ti, e de repente tudo o que me rodeia torna-se insignificante, as vozes, o café, as cores tornam-se mais escuras até que acabam por se transformar em escuridão, tudo desaparece diante dos meus próprios olhos, consigo ver, mas não consigo ouvir, estou a gritar por dentro, a bater em mim mesmo, a gritar para dizer algo, alguma palavra a pedir ajuda, a dizer “sim, estou a sofrer e muito, e preciso que me consoles”, mas não, nada sai sem ser o silêncio que a faz ir embora, tu tens culpa, parte pelo menos, se não te fosses embora eu não estava assim..

O relógio marca 12:52, e o tempo demora a passar, ao vaguear pela casa eu vejo-nos a correr dum lado para outro, tu em roupa interior, a rir enquanto foges de mim com o controlo remoto da TV, na sala, sentados no sofá a comer pipocas aconchegados ao pe da lareira, a ver um filme, ou então na cozinha, a cozinhar algo que de certeza que não ia saber la muito bem, à medida que o tempo passa vejo-me cada vez mais louco, vejo cada vez mais os fantasmas do nosso passado, passado esse que acabou há menos de 4 horas atrás, vou ver o que está a dar na TV, talvez consiga me distrair da tua assombração que não me sai da cabeça.

Adormeci no sofá, ao acordar, vejo uma figura desfocada, depois de esfregar os olhos vejo que és tu, mas e medida que me levanto para te abraçar, tu evaporas-te, acordo.. foi apenas um sonho, adormeci a ver TV, já são horas de jantar, mas não quero ir a cozinha fazer nada para comer, porque ia ser demasiado doloroso, mais memórias não e o que eu preciso neste momento, vou para a cama, já são 2 da manha, com sorte consigo sobreviver esta noite sem pesadelos nem memorias de nos os dois….

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