sexta-feira, 10 de junho de 2011

esperando quem nao existe..

estou aqui, numa rua cinzenta qualquer, sentado num canto da civilização, este sou eu, aqui sozinho, sem mais nenhum ser humano, apenas com o meu bloco de desenho, lápis, borracha, e um lenço para fazer sombras, e ouvindo a minha música favorita, e enquanto estou aqui sentado, daria tudo para ter alguém com quem ir, alguém para ter uma razão que me fizesse acordar todas as manhãs, ter uma rapariga que estivesse cheia de manias, que me irritasse de propósito, e profundamente com coisas insignificantes, que bebesse café duma maneira tão irritante que me pusesse os cabelos em pé, que me mandasse mensagens as 2 da manha, só porque não tem nada para fazer, e porque quer a minha atenção, que viesse ao meu encontro na escola, apenas para me dar um abraço, e dizer-me olá, que quisesse ir para a praia deitar-se na areia, sem fazer rigorosamente nada, que gostasse de gelados de menta, que gostasse de abraços mais do que beijos, me fizesse sorrir, e que me acordasse pela manhã apenas para me dar um beijo de bom dia, enquanto penso nisso dou por mim a pegar no meu bloco e no meu lápis, lápis todo mordido, e um bloco velho, que tem sido as minhas únicas companhias verdadeiras ao longo de todo este tempo, ao longo destes dias banais, nestas ruas cinzentas, dou por mim a desenhar os traços do tempo, quando dou por isso estou a divagar por estradas pelas quais nunca passei antes, oiço vozes desconhecidas, misturadas com a música que estou a ouvir, é ai que acordo. A música que ouvia acabou há algum tempo, talvez seja por isso que acordei, mas continuo a desenhar, mesmo sem o querer fazer, olhando para o vazio da folha de papel, ouvindo o som da chuva a cair, dos carros a passar, do lápis a raspar no papel, a cada traço sinto que o barulho fica mais intenso, talvez a loucura na minha cabeça esteja por detrás de tudo isto, talvez a espera esteja mesmo a pôr-me louco, talvez seja, porque estou à espera de alguém que não existe...

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