quinta-feira, 23 de junho de 2011

o toque de um ser humano..

O céu está escuro, e enquanto estou aqui encostado a varanda, olho para a escuridão que se abate sobre mim, desde o céu negro, e enquanto olho para cima, fico sem nada no pensamento, não consigo pensar em nada concreto, apenas vislumbres de algo que eu vejo ao horizonte, miragens de alguém, mas agora que vejo bem, eu nunca tenho nada na cabeça, nunca tenho nada no pensamento, talvez por isso seja-me normal lidar com isto, talvez seja normal para mim ser um vazio de sensações, uma carcaça cheia de nada, como uma parede, fria, imóvel, sem conseguir o toque humano, sem conseguir sentir o vento, é ai que reparo no meu reflexo na janela, e tento sentir o meu toque, mas só consigo sentir frio, duma certa maneira consegui sentir a minha alma naquele toque, senti-me a mim mesmo, como se a janela me tivesse mostrado como eu sou exactamente, a necessidade de sentir, e de ver outro ser humano, que me diga que não estou louco.

Mas esta loucura, e frieza aumenta cada vez mais, e de repente a tua imagem cruza-me o pensamento, sabes perfeitamente, és a única que me faz sentir assim, odeio o que sinto por ti, detesto a necessidade que sinto de te ter aqui, e desprezo o facto de estares longe de mim, e uma vez mais volto para a varanda, a procura de algo que te afaste do meu pensamento, que afaste o teu fantasma da minha memória, passadas duas horas, volto para o meu quarto, vou mudar de roupa, sem ti a fazer brincadeiras com os meus casacos, e sem te ver a olhar por cima do meu ombro enquanto visto a uma t-shirt qualquer, visto-me normalmente, arrumo as minhas coisas, e quando pego na mala e saio de casa, olho para trás e parece que te vejo a dizer-me adeus, e vejo o meu gato a olhar-me de cima abaixo, acho que este bichinho de 4 patas vai ser o único que vai sentir a minha falta, mas o meu tio vai cuidar bem dele, é quando entro no carro que me apercebo que me agarrei a memórias mortas, sem cor, e sem sentido algum por demasiado tempo, eu impedi-me a mim mesmo de viver, e dou por mim com o meu gato a deitar-se no eu colo, como se ele soubesse que me vou embora, mas durante a viagem não consegui olha-lo directamente nos olhos, ele parecia triste, como se algo importante para ele tivesse desaparecido, até que aparentemente ele adormeceu.
Pouco depois cheguei a casa do meu tio, curioso foi o olhar que o meu gato me deu, ele parecia triste, é algo curioso, e estúpido, saber que um animal sente assim a nossa falta, será por causa da comida ou da companhia, ou talvez até dos mimos? talvez eu tivesse o toque de outro ser humano mais perto do que eu imaginava, sem ser preciso a tua companhia, mas já tomei a minha decisão, seria um erro abandonar quem vai de facto sentir saudades minhas, então, pego naquele bichinho peludo, e parto para o aeroporto, começando uma vida nova, sem ti..

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