sábado, 28 de maio de 2011

memorias na neblina..

Estou sentado na varanda, e está a chover, e está nevoeiro, e enquanto vejo a chuva a cair por entre plantas no jardim, algo me chama a atenção, um vulto, uma silhueta desconhecida, uma sombra negra no meio da névoa branca, e lá fico eu a divagar, dou por mim a ir ao encontro da sombra, mas quando la chego, a silhueta já tinha desaparecido, mas até que sinto alguém por detrás de mim, a tocar-me, e a acariciar-me e a respirar no meu pescoço, sinto um perfume, estranhamente parecido com o teu, sinto a tua cabeça deitada no meu ombro, sinto as mãos de alguém a agarrar a minha cintura, como que um abraço do desconhecido, de repente volto-me, e tudo isso desaparece, não está ninguém atrás de mim, mas continuo a ver alguém ao longe, a mesma silhueta, feminina, até que o nevoeiro dissipa-se lentamente, e a silhueta com ele desaparece, e eu fico quieto, e sem reacção, mas algo me agarra, sinto um beijo suave no pescoço, e sinto alguém a abraçar-me, e enquanto estou aqui, sem reacção, desejo por tudo, que sejas tu a abraçar-me, e por fim, viro-me, num movimento lento, e lá estás tu, a sorrir, com esse sorriso que me derrete completamente, esse sorriso que me contagia, e só por sorrires faz com que eu queira sorrir também, e lá estamos nós dois, no meio do jardim, abraçados, a olhar um para o outro, até que tu deitas a cabeça no meu peito, e dizes que sentes a minha falta, eu beijo-te na testa suavemente e digo que não te quero perder, por nada deste mundo, e ficamos assim os dois, parados no tempo, no meio da neblina, como uma foto esquecida, uma memória apagada, ou como uma esperança que ainda arde, que parou no tempo à espera de se concretizar.

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