Não me faças mudar de ideias, não faças nada mesmo, fica ai no teu canto, a dizer o que quiseres, a gritar o que te apetecer ao telefone, grita o mais alto que puderes, imagina que te estou a ouvir a deixa tudo sair cá para fora, porque enquanto tu estás no teu mundo, eu estou aqui sentado no café, a escrever, era capaz de escrever durante anos e anos, até a pele dos meus dedos, cair, até fazer desaparecer a ponta da caneta de tão gasta que iria ficar, mas infelizmente não sei dizer como este texto vai acabar, não sei o que dizer, o que fazer, simplesmente, seguro a caneta, e é como se esta escrevesse sozinha, como se tivesse cérebro próprio, e quisesse escrever sobre a minha dor, sobre a estupidez que o ser humano tem de se apaixonar.Eu vi a noite tornar-se branca, e o silencio não e assim tão mau, até olhar para o céu e ver a minha imagem triste, reflectida no branco, pensei em ti de cada vez que pestanejei, de cada vez que respirei, e de cada vez que olhei para o céu, vendo o meu reflexo sem o teu, como se eu estivesse a ver-me num lago, um lago negro, cheio de escuridão, cheio de imagens nossas, memórias de um passado morto.
E eu imagino-te a tentar dizer-me que precisas de mim, a dizer tudo o que sempre quiseste dizer-me,mas não preciso de sonhar mais, acordas-te-me com a dor que me causaste, já estou farto de ser a tua marioneta, ser aquele boneco que tu controlas, estou farto de ser o palhaço de quem tu ris, e de quem tu gozas, estou farto de te ouvir mentir-me, e, estou feliz por termos morrido, porque as nossas memórias nunca estiveram sequer vivas, nem os meus sentimentos por ti..







